Federação de Badminton E PARABADMINTON do Estado de São Paulo
09/06/2008

Japoneses difundem o Badminton no Brasil

Japoneses difundem esportes no Brasil
Fabiano Ormaneze / Agência Anhangüera

(08/06/2008) Emiko Goto tem 72 anos e um compromisso sagrado todas as tardes. Numa quadra de terra batida, na Lagoa do Taquaral, ela se reúne com um grupo de amigos - todos japoneses - para jogar gatebol.

Enquanto ela pratica o esporte mais comum na terceira idade na colônia nipônica, do outro lado do parque, Màri Luisa Shiosawa, de 12 anos, se prepara para arremessar a bola e fazer pontos no softbol.

À noite, as duas têm outro destino. Elas vão assistir a treinos dos garotos, como Daniel Hideki, de 11 anos, no beisebol. Apesar dos nomes que vêm do inglês, esses três esportes são os responsáveis por reunir a colônia japonesa no Brasil. Além disso, essas modalidades só existem no País por causa dos arremessos nipônicos.

No grupo de Emiko, o gatebol é conhecido pelo seu nome original: gueto boru.

Criado no Japão, pós-2 Guerra Mundial, ficou famoso pelas mãos dos Estados Unidos, que, na época, um dos vencedores do conflito, mantinha uma intervenção em terras japonesas. No grupo, Emiko é a única nissei (filha de imigrantes). Os outros são todos nascidos no país do sol nascente.

Por isso, as instruções para o jogo e até a alegria por um bom desempenho, que em português soaria como um belo "muito bem", no grupo, são ditos em japonês. "É ótimo se reunir. A gente compartilha cultura e amizade", explica Emiko, que aprendeu a jogar no Japão, no final da década de 80, quando foi trabalhar durante dois anos na terra de seus antepassados.

Para quem assiste ao jogo pela primeira vez, o gatebol é um esporte difícil de se entender. O princípio consiste em impulsionar a bola com o auxílio de um taco em formato de "T" e fazê-la passar sob três arcos (os gates, portões, em inglês).

No final, há uma estaca no centro do campo, que a bola precisa acertar depois de passar pelos três obstáculos. O esporte é praticado com duas equipes de cinco jogadores. Cada vez que alguém consegue passar a bola por um arco, marca-se um ponto. Ao final, acertar a estaca vale dois.

A modalidade foi introduzida no Brasil por Matsumi Kuroki em 1978. Ele foi visitar o túmulo de antepassados no Japão e, ao visitar um amigo, assistiu a uma partida pela primeira vez. Ao voltar para o País, na mala, trouxe as primeiras bolas e raquetes.

Por exigir pouco esforço físico, esse esporte ganhou a admiração das associações que reuniam idosos no Brasil. "Mas, hoje, já tem muito jovem que adora jogar. Eles se escondem, só para não parecerem velhos", denuncia Junishi Oki, de 84 anos.

No Japão, onde é praticado por cerca de 10% da população, a tecnologia deu uma força ao gatebol: a febre pela modalidade fez surgir um placar eletrônico de pulso, em que cada ponto é marcado.

"Cada um tem o seu, para evitar trapaças", explica Nobuki Takashiba, de 70 anos. Claro que essa também é uma estratégia para quem não confia muito na memória. "Se alguém esquece de marcar, outro está sempre de olho", diz Emiko, com um sorriso de quem sabe bem a importância dessa "ajudinha". Ao final do jogo, há um brinde à amizade e à equipe vencedora. O chá verde, trazido numa garrafa térmica, encerra o encontro que ocorre diariamente há nove anos.

Beisebol

Modalidade que mais leva gente aos estádios no Japão, o beisebol foi importado dos Estados Unidos em 1873. Dois professores norte-americanos que lecionavam na Universidade de Tóquio apresentaram o esporte aos nipônicos. Apesar de haver registros de que, no Brasil, as primeiras partidas foram jogadas por imigrantes norte-americanos em 1901, foram os japoneses que se tornaram os difusores da modalidade.

A história que circula na colônia é que um imigrante teria trazido as luvas, tacos e bola no Kasato Maru, o primeiro navio a trazer imigrantes para o Brasil, em 1908. Por todo o País, desde a década de 60, equipes são formadas nas associações que reúnem imigrantes e descendentes. A modalidade é praticada em duas equipes, que se revezam no ataque e na defesa. O jogo se resume a tentar arremessar a bola usando tacos, de modo que o adversário não consiga segurá-la.

Apesar de ter uma colônia que preserva a maioria das tradições, Campinas ficou quase cerca de cinco anos sem equipes de beisebol. Há dois anos, na Colônia Tozan, uma das associações que reúnem imigrantes e descendentes na cidade, uma nova equipe foi formada a partir da iniciativa do microempresário Edson Tadashi Shibuya, pai de Daniel.

"O beisebol faz parte da identidade cultural dos japoneses no Brasil. Eu aprendi muito com esse esporte quando era criança e fiz muitos amigos. Quero proporcionar isso ao meu filho", explica. A equipe campineira reúne cerca de 15 jogadores, entre 8 e 14 anos, em várias categorias. Para quem não é descendente, surge a oportunidade para praticar o esporte: 40% dos atletas da Tozan não têm qualquer antepassado japonês.

Sansei de Campinas foi 1º medalhista no Pan-americano

Um sansei (neto de imigrantes) foi o responsável por dar ao Brasil a primeira medalha pan-americana no badminton. O campineiro Guilherme Kumassaka, de 30 anos, se divide entre o esporte e a arquitetura e, ao fazer dupla com Guilherme Pardo, foi bronze nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, no ano passado. O interesse pela modalidade começou na infância.

"Aos 7 anos, comecei a praticar tênis, levado pelos meus pais", relembra. Aos 13, ganhou a primeira raquete de badminton - mais longa e mais fina que a do tênis - e, cerca de quatro anos e muitos treinos depois, já jogava profissionalmente.

Guilherme já esteve também em competições mundiais na Suíça, na Dinamarca, na Escócia, na Espanha e na Inglaterra e tem
uma rotina diária de treinos.

Apesar de ser pouco conhecido no Brasil, o badminton é o esporte com mais praticantes no mundo porque é uma verdadeira febre entre os chineses, povo mais populoso do planeta. A modalidade nasceu há cerca de 2 mil anos, a partir de um esporte praticado com os pés e uma peteca chamado ti jan zi. Cinco séculos mais tarde, haveria sua popularização entre os países do Mediterrâneo e no resto da Ásia, entre eles a Índia e o Japão.

O nome atual surgiu no século 19, na Inglaterra. Oficiais britânicos levaram o esporte da Índia e um duque começou a praticá-lo em sua propriedade, chamada Badminton. O esporte é considerado a modalidade com raquete mais rápida do mundo. Numa rebatida, a peteca, geralmente de náilon, pode atingir 300 quilômetros. Na versão atual do esporte e nas competições, raramente são utilizadas as tradicionais petecas com penas naturais, pois são mais frágeis e chegam a gerar 30 substituições.
Softbol ganha ritual oriental e conquista uma brasileira

Versão mais popular entre as mulheres, o softbol é muito parecido com o beisebol. Tem as mesmas regras, mas utiliza uma bola maior, além de campo e tempo de jogo menores. Na Colônia Tozan, há uma equipe dessa modalidade.

"O esporte exige menos treinamento, apesar de ter campeonatos mundiais e federações, como no beisebol. Em momentos de descontração, entre os adultos e nas festas de confraternização, geralmente o softbol é a diversão, por ser mais simples", comenta uma das técnicas, Clara Mayumi Matsuguma.

A garota Màri Luisa Shiosawa, de 12 anos, foi participar do time a convite de uma amiga. E, com isso, levou a mãe, a técnica de alimentos Kimie Alice Shiosawa, a se envolver com a colônia. "Antes de ela vir jogar, eu nunca tinha participado de nenhuma associação", afirma. No time, uma brasileira é a prova de que o esporte não é exclusividade entre os japoneses. Clara Beatriz Ribeiro Corveloni, de 13 anos, é a única que não é descendente de oriental. O destaque não é apenas por isso: ela é a capitã do time.

Para ganharem características nipônicas, o beisebol e o softbol também passaram por algumas adaptações, que permite envolvê-los nas bases do pensamento oriental. Apesar de as regras serem as mesmas e aceitas universalmente, principalmente em competições oficiais, o jeito nipônico de praticar softbol e beisebol é marcado por uma tradição que tem tudo a ver com a filosofia oriental e budista, a religião mais praticada do outro lado do mundo. Antes de começar um jogo e após o término, há sempre um agradecimento.

Os atletas tiram os bonés, colocam as bolas e raquetes no chão. Num gesto de reverência, agradecem o gramado, que os possibilitou jogar, e ao técnico, que os preparou para a competição. "Essa adaptação é o jeito japonês de conviver com os outros povos", explica a capitã.

SAIBA MAIS

Apesar de serem poucos os orientais no esporte mais famoso no Brasil, pelo menos em Campinas, os japoneses já deram seus dribles em direção ao gol. Na década de 60, ao mesmo tempo em que surgiam na cidade as primeiras equipes de beisebol, freqüentadores do Instituto Cultural Nipo-Brasileiro formaram um time de futebol.

Sem local para os treinos, os "atletas" usavam o campo do Seminário da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), no Swift (hoje, o prédio é ocupado pela Universidade São Francisco).

Na época, eram comuns existirem também torneios de futebol entre várias associações nipo-brasileiras. Entre os grandes nomes do futebol nacional, poucos foram os descendentes que se destacaram. Atualmente, o nome de maior evidência é Rodrigo Tabata, do Santos.
http://www.cosmo.com.br/esportes/integra.asp?id=227892


 



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